Memory
Eu sou a fúria da lucidez,
Quando escrevo o rumor das palavras.
Do que desconheço, guardo a sensatez
Mas não sou rainha de gramáticas
É que nada fica! A memória é selectiva...
Talvez não, é uma simples e biográfica abstracção
Mas eu não quero recordar,
Ou por essas raízes profundas enveredar...
Quero criar novas memórias e recordações,
Novos sonhos, novos dias, novas alegrias
Quem sabe amanhã...
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Sara Queiroz
Horário do Fim
Através de passos alternados de consciência e paciência, caminhava...
E caminho, pois nada ensina melhor sobre a convivência,
Do que a solidão. Parece contradição,
Tal como usar o fogo, para ensinar a andar sobre a água.
Presa em pensamentos, o que temer? A quem temer?
O nada. Ou apenas lentamente morrer.
Envolta numa embriaguez sem vinho,
Só peço que não me impeça de ver o que anseio;
O fim do caminho que revejo.
E caminho, pois nada ensina melhor sobre a convivência,
Do que a solidão. Parece contradição,
Tal como usar o fogo, para ensinar a andar sobre a água.
Presa em pensamentos, o que temer? A quem temer?
O nada. Ou apenas lentamente morrer.
Envolta numa embriaguez sem vinho,
Só peço que não me impeça de ver o que anseio;
O fim do caminho que revejo.
Sim, escrevi esta mensagem hoje mesmo,
Em folha de papel bruto
Que lancei ao vento
E que falava um pouco de tudo.
Escolhi as palavras certas
Que usei num tempo errado,
Nem sei porque o fiz,
A vida é uma passagem, como se diz...
O relógio não ficou parado,
E não se vive do lamento
Pois afinal... Já passou tanto tempo
Mas só hoje tive coragem.
De leve consciência me encontro,
Sei que num futuro próximo o preconceito
Não terá retorno.
E nesta prolongada introspecção,
O horário do fim denuncia a minha razão.
____
Sara Queiroz
(ajuda do Pedrão)
Cansaço
As coisas que amamos, as pessoas que amamos
São eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável ao limite do nosso poder.
De respirar a eternidade,
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
É dar-lhes aquela moldura de granito,
Como se tratasse do infinito.
De outra matéria se tornam,
Numa outra realidade.
Começam a esmorecer quando nos cansamos,
E todos nos cansamos, inevitavelmente,
De aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
Rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho de eterno fica esse gosto acre,
Na boca, na mente,
Sei lá, talvez no ar.
São eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável ao limite do nosso poder.
De respirar a eternidade,
Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
É dar-lhes aquela moldura de granito,
Como se tratasse do infinito.
De outra matéria se tornam,
Numa outra realidade.
Começam a esmorecer quando nos cansamos,
E todos nos cansamos, inevitavelmente,
De aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
Rebaixamos o amor ao estado de utilidade.
Do sonho de eterno fica esse gosto acre,
Na boca, na mente,
Sei lá, talvez no ar.